... oito...

... semanas desde o nosso (des)encontro...

[Ao som de Flying High, na belíssima voz de Jem...]

... sábado...

...

... dia de pintar as unhas de rosa choque, de chorar a rir a ver a idade do gelo 2: descongelados, e de te dizer que, mesmo sabendo que continuamos num "silent mode", me apeteceu dizer-te "olá"...

...

[nota importante: escrevi isto antes da meia noite... e para além disso, como daqui a um bocadinho a hora muda, agora é, oficialmente, sábado! ... e se não é oficialmente, é sábado por decreto desta muito humilde ...salinha... que agora, de humilde não tem nada!]

... casas de banho...

A casa de banho da sala de profs da escolinha xpto não é nada de especial. Não tem uma decoração minimalista, música ambiente, ou toalhas de linho bordadas. Não tem nenhuma saboneteira em forma de concha, nem um balde do lixo camuflado. Na verdade é uma casa de banho normalíssima. Nem sequer é uma daquelas para onde podemos ir dar umas passas às escondidas (coisa típica de liceu, pela qual eu, orgulhosamente, passei!). Claro que tudo isto é conversa, nada relevante para o caso em questão... e o caso em questão tem tanto de absurdo como esta conversa da casa de banho da escolinha. Para quem começa já a pensar em cenas de sexo escaldante na casa de banho... bem.... pode deixar de pensar. Não presenciei nem soube de nada tão empolgante...

Voltando à casa de banho... sendo normalíssima, tem dois compartimentos, em cada um dos quais está uma sanita, pois claro! Ora, no compartimento que fica mais próximo da janela, está um papel colado na porta cujo conteúdo já quase consegui decorar (o que quer dizer que vou muitas vezes à casa de banho, é certo!). O dito papel acaba por ser uma vantagem, uma vez que nos impede de problematizar a existência quando estamos sentados na sanita. Mas, e quando o conteúdo do papel está praticamente decorado, o caso muda de figura... ontem dei por mim a pensar: "ok... ou a sanita está mais baixa, ou a porta mais alta, ou eu mais miserável...."

[nota importante: reservo-me o direito de me sentir miserável depois de três horas seguidas de reuniões... sobretudo se esse "sentir miserável" depois me permitar dar umas valentes gargalhadas!]

... retrato...

Há pouco olhava o teu retrato e reparava na curva do teu cabelo. Admirava o seu escuro brilho, e quase sentia a sua sauvidade na minha mão. Uma leve brisa trouxe até mim o teu cheiro. Suspirei e abotoei o casaco. Ouvi-te rir da minha maneira de falar. Recordei a tua estranheza face à minha ausência de pronúncia. Segredaste-me ao ouvido a tua paixão pelas gotas cristalinas da chuva. Lembrei-me de nós misturados com o cheiro da terra molhada. Vi-nos com o sabor do café, e percebi que nem sequer me lembro de falarmos acerca de café... Recordei o que me disseste acerca do vinho... e reconheci-me, como sempre, uma perfeita ignorante no que à enologia diz respeito. Sorri com a recordação dos ornitorrincos... e com o comentário dos tubarões!

Há pouco olhava o teu retrato e reparava na solidão do teu olhar. Admirava a seriedade dos teus olhos. O abandono. A repulsa. E quase os sentia como facas que me tentam afastar a todo o instante. Uma qualquer nota solta de João Gilberto, ou de Ryuchi Sakamoto, ou de qualquer outro que trocámos, faz-se sentir a melodia do teu toque. Suspiro. Não faço nada. Perco-me no tempo e contemplo a única coisa tua que sempre tive: o teu retrato...

... e quando as situações inéditas são desagradáveis...

Pela primeira vez fiz uma participação escrita. Não gostei de o fazer, mas fui obrigada a isso. Sinto-me mal, desencantada, desiludida. Apesar de ser uma turma complicada e difícil (e muitas destas dificuldades serão explicadas pelo percurso de vida dos alunos), acreditei que seria possível desenvolver um trabalho interessante, dinâmico e estimulante. Agora deixo o desencanto falar mais alto e digo que me enganei. Talvez amanhã, ou depois, o quadro não pareça tão negro. Por agora dói-me a participação que fiz. Sei que tenho razão, mas não é por isso que deixo de sentir o gosto azedo da desilusão... :(

... hoje é domingo... dia de monet! ...

... às voltas com o passado...

Nem todas as histórias têm finais felizes. Mas isso não quer dizer não possam, eventualmente, ter um final aceitável... um daqueles finais que terminam definitivamente, que abrem a possibilidade de novos ciclos tomarem conta das nossas vidas...

A tal sms de assombro, e as outras que se lhe seguiram, assumem-se como os pontos finais desta longa e, aparentemente, interminável história. Não passaram dez anos... mas passaram quase sete... E não se trata de me merecer ouvir ou não... Mesmo que não o merecesse, acabou por me ouvir. E o que mais me faz entender tudo isto como o derradeiro final não foi o reconhecer a mesma voz de sempre, mas antes o ouvir-me nova, ouvir-me como nunca me tinha ouvido antes, e perceber que finalmente tudo acabou. Disse-lhe que não sou ninguém para perdoar. Que também lhe peço perdão e que lhe agradeço... não fosse a nossa história e não seria hoje quem sou. Depois, e antes de fechar a porta definitivamente enviei-lhe a sms final: Nunca me hei-de esquecer do que vivemos - do melhor e do pior - e é por isso mesmo que só te posso perdoar. Oxalá encontres a paz e o equilíbrio que procuras desde sempre. Um abraço apertado para ti.

Agora sim. A porta fechou, o ciclo fechou-se... o caminho surgiu à minha frente com uma clareza luminosa... e eu sinto-me mais leve do que nunca!

... toques, sms's e assombros...

...

... depois de toques de telemóvel estranhos (pelas horas, mas também pelos tipos de toque), eis que acontece o facto mais estranho dos últimos tempos:

... acho que ainda não passaram dez anos... perdoa ter ligado. talvez não te mereça sequer ouvir a voz.

... (digo apenas que a minha alma continua parva...) ...

...

[nota importante: a propósito da voz que me levava ao altar sem pestanejar... é só clicar no play! ;)]

... de luto e em luta...

... só por curiosidade...

... alguém chegou a admirar estas duas carinhas mmmuuuuiiiiitttttoooooo larocas que se passearam durante uns tempos pela nossa fantástica :2, e que se moviam pelos mundos do sobrenatural?????

... compras?!?...

Poucas coisas são, para mim, mais deprimentes do que ir ao supermercado. Não gosto. Não sei apreciar uma ida ao supermercado, mesmo levando sempre a costumeira e fantástica listinha que nos afasta das malignas tentações de futilidades. A verdade é que, com listinha ou sem ela, não gosto. Não gosto dos cheiros, nem dos gritos das crianças birrentas, nem do ar extraordinariamente concentrado dos homens e mulheres que deambulam com os seus carrinhos pelos corredores. Nunca hei-de entender o que leva os casais a passearem-se apaixonadamente pelo corredor dos congelados, a fazerem ternos sorrisos na secção dos lacticínios ou a darem as mãos quando chegam à charcutaria. Não gosto da expressão automática dos funcionários, nem do ar vigilante dos seguranças. Não gosto... lamento mas não gosto... será que isto me impele a buscar, o mais depressa possível, a ajuda de um qualquer milagreiro que me cure desta maleita?!?!?!?

... a voz...

...

Sempre me encantaram as vozes. As razões não foram sempre claras, mas senti, desde que me lembro, um fascínio muito grande por vozes sussurrantes, aquelas que nos arrepiam, aquelas que em conversas banais nos fazem sentir o mistério de um segredo sussurrado ao ouvido. Bem sei que passou muito tempo até me dar conta disto. Tempo demais, na verdade. E quando Kundera me mostrou que é a voz que define o destino de um homem (e não a sua beleza ou fealdade) , tudo fez sentido. Fez sentido assim, como se se tratasse de uma luz que, de repente, ilumina a escuridão. Ou assim, como um murmúrio que afasta a solidão...

Ontem o H. perguntava-me o que andava a ouvir, e no preciso momento em que lhe respondia, apercebia-me do quanto me aconchegam as vozes de quem oiço. Agora posso dizer que, se oiço o que oiço, é porque quero sentir as palavras como carícias, como segredos murmurados em instantes apressados, como um leve tocar que arrepia, mesmo quando mal se faz sentir...

...

... ver passar...

...

hoje, durante a meia hora em que estive "presa" no trânsito, só vi mercedes, bmw's, audi's e afins...

... e suspirei muuuuuiiiiiittttttoooooo ao ver um lindo mini, o carrinho dos meus sonhinhos, à minha frente... e com as inicias do meu nome na matricula...

... ai, ai...

... o som dos dias...

O meu caríssimo mr. ipod, que anda desesperadíssimo à procura de um nome todo catita, anda a fazer-me sorrir ao som de:

- Mazzy Star (live @ metro)

- Holly Golightly (my first holly golightly album)

- Charlotte Gainsbourg (5:55)

- David Pajo (1968)

- Grey's Anatomy Soundtrack (vols. 1 & 2)

[nota importante: david pajo é uma "descoberta" recente... ou melhor, foi-me indicado pelo H., um verdadeiro entendido em música, a quem só posso agradecer as boas dicas que me tem dado, claro!]

... hoje... no meu moleskine...

Creio que já aqui disse que a 2ª feira é, provavelmente, um dos piores dias da semana. A razão desta afirmação é bem fácil de encontrar: tenho de me levantar estupidamente cedo. Quando digo "estupidamente cedo" refiro-me àquela hora completamente absurda, em que a primeira coisa que nos vem à cabeça é um conjunto quase interminável de palavras muito feias, ao que se segue um violento murro no despertador, com a inevitável dor e palavrinha menos própria que lhe está associada. Eis, portanto, um acordar perfeitamente normal de quem ainda não aprendeu a lidar com o horário que tem.

Ora, depois de um despertar tão harmonioso e pacífico, o dia só podia correr de uma forma igualmente harmoniosa! Assim, sai da cama para ir ter com um grupinho de alunos que não associa absolutamente nada à palavra "pessoa", que não revela autonomia absolutamente nenhuma (hoje fartei-me de ouvir perguntar: oh professora... isso é para passar?) e que não tem interesse absolutamente nenhum em frequentar o curso profissional em que está inscrito (ou, permitam-me rectificar, qualquer outro, pois claro!)...

Findos esses 90 minutos de mais profundo desespero, claro que o dia só poderia melhorar!!! De facto, a saida da tal escolinha toda xpto que me calhou, este ano, na malfadada rifa foi sentida como uma lufada de ar fresco, como o receber do tão aguardado raio de sol depois de um longo período das mais escuras e assustadoras trevas! O grande objectivo desta saida era a loja de uma famosa editora, loja esta situada numa muito famosa rua desta bela cidade. Claro que eu não sabia o nome da rua (e nem vale a pena tentar descobrir a razão que me leva a não conseguir decorar o nome das ruas desta cidade que me acolhe há 12 anos...), mas sabia que a dita loja não ficava muito longe. Assim, desci outra das mais conhecidas ruas cá do sítio (ou melhor, lá do sítio) na ilusão de que a loja era já ali, ao virar da esquina...

Desci a rua toda. Aliás, quando dei por mim já tinha descido mais uma ou duas ruas (... parece que não me apercebi do final da primeira...)... E claro que estava completamente perdida...!!! Perdida, mas não desorientada! Só tinha de subir todas as ruas que tinha acabado de descer! Nada de extraordinariamente difícil! Mas como isso seria demasiado fácil, enveredei por uma rua paralela...

No caminho deliciei-me numa loja dedicada às artes manuais. Para enganar a solidão comprei umas flores coloridas e umas joaninhas feitas em feltro ... e fui subindo as ruas. Como seria de esperar, lá acabei por encontrar a dita loja (ou talvez tenha sido ela a encontrar-me...), que afinal era mesmo ali ao lado! Dei uma volta maior, muito maior é certo, mas senti-me reviver o prazer de viajar, de procurar nos nomes das ruas que não conheço a segurança que não sinto...

No final, tudo correu bem! Já em casa, fiz 2 postais (com os meus achados!) para enviar a duas (na verdade são três...) pessoas que adoro... que adoro assim, sem outra razão que não seja a de adorar... E lá fui eu à loja dos CTT (ou Correios... não sei bem como se chama agora...) aqui do sitio, para que os postais seguissem o seu (ou será o meu?!?) destino.

E quando parei para tomar café tive a surpresa das surpresas: uma montra já decorada para o Natal... e sim, fui verificar à agenda e estamos mesmo no início do mês de Outubro...!

Ao som de...

... Psapp... com este fabuloso cosy in the rocket, que podemos ouvir no genérico da, aqui tão falada, Anatomia de Grey (ou Grey's Anatomy, para quem preferir)...

... sexta-feira....

Bem... suponho que deveria estar muito contente por ser sexta-feira (e até estou, porque uma sexta-feira é sempre uma sexta-feira...), mas a verdade é que este é, para mim, o pior dia da semana... senão vejamos:

1) Esperam-me 4h30 m de conversa... (e eu nem sou assim tão faladora...)

2) Dessas 4h30, 2h serão passadas a pedir às suas senhorias que tenho pela frente o grandessíssimo favor de se manterem silenciosas, visto que a sua conversa em nada contribui para a nossa aula...

3) Vou dizer a mesma coisa durante 3 horas... não porque os meninos tenham dificuldades de aprendizagem, mas antes porque estou a dar a mesma matéria nas duas turmas de 11.º ano... o sonho de ser papagaio concretiza-se este ano sem qualquer dificuldade!

Puffff....

... hoje apetece-me ... mário quintana...

...

Fere de leve a frase ... E esquece ... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

...

... considerações do dia...

"Oh professora... fale mais devagar, por favor... Se a professora conduzir tão rápido como fala, de certeza que passa a vida a apanhar multas!!!!"

[... palavras para quê?!?...]

... quando o que mais tememos acontece...

... ou seja, quando encontramos alunos (ou sósias quase perfeitas de alunos... o que aqui vai dar ao mesmo...) no supermercado ao ladinho de casa, escondemo-nos atrás das prateleiras mais próximas...

[... pufff... ]

Ao som de...

... Ella Fitzgerald e Louis Armstrong... Dream a Little Dream Of Me...

[ ... porque me apetece sonhar... ]

... dia internacional da música...

[...eu acrescento que é também o dia dos músicos... o A. acrescenta que é também o dia daqueles que muito a apreciam...]

[... :) eu, como quem não quer a coisa, acrescento que é bom trocar estas mensagens! :) ...]